Conheci minha mãe no dia 24 de dezembro de 1966, na verdade, eu já a conhecia por dentro, mas ela me deu à luz na véspera do natal, foi só então que pude ver o rosto dela. Certamente me apaixonei instantaneamente por ela, acho que a primeira qualidade que notei em minha mãe (Além da beleza rsr), foi a força !!! Eu iniciei minha amizade com minha mãe, sendo totalmente dependente dela, desde o primeiro momento do dia, até a hora de me deitar...( Em meu bercinho rsrs). Nos tornamos amigos desde o primeiro minuto, eu olhava pra minha mãe e me sentia seguro, ela olhava pra mim e sabia de tudo o que eu precisava...
   O tempo foi passando e minha mãe me ensinou andar, comer sozinho, tomar banho e fazer minhas necessidades básicas, mas isso demorou um longo tempo... Com o passar dos anos, apesar do trabalho que eu dava pra minha mãe, tomei consciência de que eu tinha que aprender as coisas que minha mãe não sabia e que um dia ela iria precisar ( Guiar um carro, por exemplo ), meu dito : Meu feito !!!
   Com pouca idade eu já havia aprendido guiar um carro, já sabia ler, sabia ver mapas e me localizar, e em seguida, quando minha mãe tinha consultas médicas e meu pai já não estava mais "entre nós", eu comecei levar minha mãe aos medicos, exames e passeios. Pelo menos uma vez por mês, nós tínhamos nosso compromisso : Ir aos médicos, exames, banco, farmácia e mercado. Eu ainda era menor de idade, muito longe ainda da minha carteira de motorista, mesmo assim, eu e minha mãe cruzavamos avenidas e estradas, centros comerciais e hospitalares, igrejas e visita aos parentes.  Eu com 15 anos e minha mãe com 50, já eramos totalmente cumplices em nossas jornadas, sempre regadas e um guaraná e salgados, no caminho de nossas andanças...
   O tempo passou, cresci, me mudei de cidade, estado e país, mas nunca perdemos nosso estrito vinculo de amizade, e anos depois, quando retornei ao convivio materno, demos prosseguimento aos passeios, medicos, visitas aos parentes, e tudo o que tinhamos direito. Eu já não era mais tão jovem e minha mãe tambem já não era mais uma mocinha, e num determinado ponto da vida, onde nós já tinhamos ultrapassado a barreira dos 40 e dos 80, minha mãe teve um AVC : Daí em diante, os papéis se inverteram e quem virou mãe fui eu e quem passou a ser criança, dependente de tudo, foi ela...
   Aí eu deixei de ser " filho" e virei MÃE !!!

   Mas essa é um longa história .... É claro que repleta de amor, honra e respeito, regada de carinho e doação total de vida ( da minha parte), quase igual a doação da minha mãe para comigo, só que no caso dela, muito mais importante, porque eu simplesmente morei dentro dela !!!