Mãos no volante, destinos tão incertos...coisas à resolver, pessoas
com quem eu tenho que falar, situações sem sentido e ter sentido é
a coisa mais incerta que existe...
  Sexo, amplexo e anestesia, farmácia e a bula do remédio, meu prédio
e as pessoas no elevador. Eu vejo todo mundo, mas ninguém se vê, o
carro parado, esperando que eu vá, o dinheiro na conta e as  contas
que me esperam, a dia final que se aproxima e a caixa de madeira que
irá guardar meu corpo, minhas mãos que escreveram tanto... O pranto
de quem me ama, a despedida dos meus olhos, a estrada que ficará e
eu que não irei mais passar por ela...
  As ruas e esquinas, a fé que eu não tenho, o doce das minhas horas
e minha pele que tanta gente se serviu dela... A hora que eu falei e o
dia em que fiquei calado, meus beijos e minha posição predileta junto
com as mulheres que já tive...
  Eu não quero concordar com nada, só quero ir errando enquanto  o
tempo me deixar errar...Na verdade: As pessoas que não concordam
comigo ( 99% delas ) nem sabe ao certo como nasceu e jamais vão
saber que se morre todos os dias, à cada segundo, e por isso mesmo
além de não saber o preço do sabonete, o calor frio do sorvete, nem
assim esse mundo louco, cheio de pessoas que nem sabem que dia é
o meu aniversário, na verdade : Não estou nem aí pra todo  mundo
e quem quiser que me ache pelas esquinas, com minhas mãos  no
volante e com meu Rivotril no coração...